The puzzle’s piece

O mês de maio começou e terminou sem que eu sentisse a passagem do tempo.
A temperatura caiu e trouxe alguma coisa de inexplicável às conexões do Universo.
Perdi o momento exato em que o meu olhar foi devolvido.
Não prestei atenção na cadeia de sábios movimentos que estavam me levando para o próximo momento.

Como aquela peça do quebra-cabeça que, depois que você a encontra, consegue montar o resto todo.
Agora as partes que faltavam, aos poucos, estão se juntando, revelando suas cores.
Como se fosse necessário que a vida permanecesse um tempo em suspensão, acumulando a desordem, para arrumar tudo de uma só vez.
Talvez um pouco de leveza não me fizesse mesmo mal nenhum. Estava há muito tempo esperando por ela. Talvez menos urgência também.

O que parece é que são justamente as coisas que fazemos - sinceramente - sem esperar por retorno é que nos são retribuídas. Um dia se planta uma palavra, um gesto, uma intenção, um desejo... tempos depois eles acabam por fazer o caminho de volta. Nem todos, mas alguns.
Apesar do frio, sinto nossas vidas mais doces e aquecidas.

Sinto cheiro de brigadeiro.